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Família nos ensina amor – e tolerância também

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Família nos ensina amor – e tolerância também

Sempre fiquei meio tristinha em datas comemorativas “da família”. Assim como muitos aqui, eu não tenho uma família de comercial de margarina. (Aliás, publicitários, vamos repensar essas propagandas aê?)

Meus pais se separaram quando eu era muito criança e, desde que me lembro, meu pai mora longe de São Paulo. Poucas vezes conseguimos passar o Dia dos Pais juntos. Parece bobo, é só uma data, mas imagina uma menina com um pézinho no drama vivendo isso ano após ano?

Por muito tempo culpei meu pai por essa distância. Se você estiver lendo isso, pai, me perdoe. É mais fácil a gente cobrar e esperar uma atitude do outro do que olhar pra dentro e refletir sobre como a gente pode contribuir pra essa relação ser melhor. E é também mais fácil focar a atenção nas ausências do que nos privilégios que temos na vida.

Demorei muitos anos para entender que não existe essa fórmula mágica de pai, de mãe, do que for. A gente cria um estereótipo na nossa cabeça e se frustra (quase sempre) quando a realidade não corresponde à expectativa. Não estou falando em limpar a barra dos pais ausentes, que acham que criar filho é tarefa de mãe e pronto, mas em tentar ser mais gentil e compreensivo com o jeito de amar de cada um.

A tolerância é a melhor lição que aprendemos em casa

É ai que entra o papo da tolerância. Não tem laboratório melhor do que a família pra praticar a tolerância. Porque se você não entende ou concorda com a atitude de um amigo, você pode simplesmente se afastar. Mas família não tem jeito: vai estar sempre lá, mesmo se for uma ou duas vezes por ano. E se a gente não aprende a tolerância, eu te garanto: a gente sofre.

Então é isso: se ainda é difícil praticar a tolerância com o outro, faça isso por você. Acredite, um peso enorme vai sair dos seus ombros! Quando a gente para de focar a atenção nas mágoas e ausências (que existiram ou que a gente criou), abre os olhos pra ver muito além. Pra ver as alegrias, os ensinamentos, a união, as maluquices e todas aquelas coisas que fazem parte da instituição família. Acredite: nenhuma é tão perfeita quanto o comercial de margarina.

Eu não trocaria minha família doida por nada. O que falta de um lado, sobra no outro. O que magoou, me tornou mais forte. O que foi bom demais, me tornou meio mimada. Hahaha e assim o universo vai tratando de nos dar um equilíbrio. Eu sei que quando eu me tornar mãe vou cometer muitos erros e acertos. Espero que meus filhos tenham a sabedoria de lidar bem com isso, e não demorem tantos anos quanto eu demorei pra entender o que é família de verdade.

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Author: Raíra Venturieri

Raíra Venturieri é jornalista, roteirista, escritora, filósofa de boteco e sim, bem tagarela. Foi repórter do Guia Quatro Rodas e tem matérias publicadas nas revistas Viagem e Turismo, Host & Travel e Viaje Mais, entre outras.

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