Quando eu digo que os escritórios de turismo das cidades e países são meus principais clientes de criação de conteúdo para redes sociais, algumas pessoas parecem surpresas. O que elas ainda não entendem – e quem trabalha bem na área, entende – é que o Instagram tem hoje um impacto crucial no planejamento de viagens, especialmente entre viajantes de até 35 anos.
Mais do que inspirar a viajar com fotos lindas e destinos de sonho, o Instagram cria demandas. Transforma em sonho destinos antes pouco conhecidos. Cria novos pontos turísticos em cidades mais fotografadas e dita o planejamento de viagem de pelo menos 40% dos viajantes. Esse dado não inventei: de acordo com uma pesquisa da Schofields com jovens entre 18 e 33 anos, esse é o percentual de pessoas que consideram se um lugar é “instagramável” antes de fechar uma viagem de férias.
Quer mais dados? O site Miss Travel falou com mais de 175 mil pessoas em 2015 e chegou à conclusões interessantes. Segundo a pesquisa, 48% dos usuários do Instagram usam a rede pra escolher destinos de viagem e 35% usam para descobrir novos lugares. Estamos falando de uma rede social com mais de 1 bilhão de usuários ativos (!), marca alcançada em junho deste ano. Só no Brasil, são 50 milhões de pessoas. Entende por que o Instagram é tão relevante pro mercado de turismo?
Como empresas de turismo podem se beneficiar do Instagram

Dito isso, há diversas formas para uma empresa de turismo se promover dentro de uma rede em que as pessoas claramente estão abertas a conteúdos de viagem. Uma delas, como citei no começo deste texto, é contratando criadores de conteúdo para fazer fotos, vídeos e textos curtos para conquistar uma audiência. Criadores nas redes sociais não só manjam do negócio – sabem o que engaja e o que não – como custam imensamente mais barato do que agências e produtoras tradicionais.
O tipo de conteúdo e o investimento válido depende muito do segmento da empresa dentro do mercado. Para uma empresa de turismo de luxo, por exemplo, faz todo o sentido produzir um conteúdo exclusivo e de qualidade, condizente com as experiências que oferece. Para uma empresa de turismo em massa, por outro lado, talvez faça mais sentido direcionar essa verba para publicidade junto a algum influenciador que alcance o seu público-alvo. Influenciadores nem sempre são produtores de conteúdo – podem ser, por exemplo, uma atriz, um surfista, uma pessoa que tem grande influência sobre um público específico, mesmo com conteúdo amador.
Mas o que posso dizer, com a experiência de quem passou pela redação de revistas, guias e sites de turismo, é que não há publicidade mais eficiente do que ver uma pessoa que você confia vivendo uma experiência que você também pode viver. Não existe outdoor, encarte de revista ou propaganda de televisão tão poderosa quanto a indicação de um amigo – seja ele amigo de verdade ou um blogueiro de viagem que você acompanha diariamente.
Resta a nós, criadores e influenciadores de viagem, fazermos o trabalho da forma mais responsável possível: sempre deixando claro quando é um conteúdo pago, aliando o interesse da empresa com o do nosso público e, claro, jamais abrindo mão dos nossos valores em prol de um trabalho. Eu nunca incentivaria uma atividade turística que explora animais, como passeios de elefante, por exemplo. Dessa forma, podemos contribuir para a construção de um mercado justo, transparente, cada vez mais próximo do consumidor e do que desejamos para o futuro do turismo.
Vamos falar mais sobre como utilizar a internet para crescer negócios, profissionalizar talentos, promover mudanças no nosso mercado e construir uma carreira com mais satisfação e propósito?