Dia desses minha mãe falou que ficava admirada que eu não sentia medo de nada. Lembro que na hora eu pensei “daonde as pessoas tiram essas coisas?”. Não dá pra entender, justo eu, que tenho medo de tanta coisa boba.
Hoje, na reta final da minha primeira viagem pelo Guia Quatro Rodas, começo a entender um pouquinho o que ela quis dizer. Pra quem não sabe, eu tirei a carta de motorista há menos de um mês. Até meados do ano passado, nunca tinha pego em um volante na vida, nem sabia o que era embreagem. E agora, pela primeira vez, dirigi sozinha. Estreei na direção a trabalho mesmo, na estrada de Campinas para Amparo. Já no meu primeiro dia, me perdi. Dirigi em estrada de terra. Peguei chuva. Não sabia onde ligava o limpador de para-brisa, ou qual o farol que eu podia usar. Senti muito medo, cheguei a chorar. Mas não foi um medo que me paralisou, que me trancou no hotel e me impediu de fazer meu trabalho.
O medo é bom, me deixa mais prudente. Me deixa mais cara de pau. To com receio, não vou conseguir estacionar? Acho alguém pra me ajudar. Mesmo que depois de demonstrar toda a minha dificuldade com o volante, eu precise me apresentar como repórter do guia com um sorrisão amarelo. Acontece, gente. Até entrar na moita com gerente de hotel do lado eu fiz. Acontece. Não morremos, tudo bem. Quebrou o gelo.
Me acostumei com o medo. Ele diminuiu, é claro, não acho mais que eu vá morrer. Mas ele está sempre aqui, e cada vez a vida me bota um novo obstáculo, uma tempestade, alguma coisa pra me testar. Aprendi até a gostar um pouco. Se eu não sinto medo, como é que vou ter a sensação de triunfo depois, por ter conseguido?
Eu sinto medo o tempo todo. Pode vir. Mato a paulada.
você é um exemplo rá
Bravoooooo!!! é assim que eu gosto! um pouco de ousadia não faz mal à ninguém! Beijos, princesa!
Imagino alguém observando a mina da 4 rodas suando numa baliza rs.