Estava conversando com uma amiga esses dias, de 20 e tantos anos como eu, e chegamos a uma conclusão: já fomos mais adultas. Não sei se é uma coisa comum de quem se aproxima dos 30, essa insegurança. Mas paramos pra pensar em como costumávamos ler muito, estudávamos por prazer, estávamos sempre atualizadas com a política e nos preocupávamos (até demais) em mostrar pro mundo como éramos cultas e mulheres de conteúdo. Estaríamos vivendo a nova adolescência?
Hoje, aos quase 30, perdemos muito tempo na internet, vemos muito mais séries do que lemos livros, nos atualizamos só com as chamadas das notícias e usamos o twitter como fonte de informação, porque a matéria vem acompanhada de memes. Muitos de nós não temos planejamento financeiro que vá além da viagem de reveillón. Somos adolescentes com casa própria (às vezes) e dinheiro no bolso. Às vezes. O que acontece com a nossa geração?
Dizem que a internet torna tudo mais rápido. Talvez nossa crise de meia idade tenha sido antecipada com esse bombardeio de corpos sarados, juventudes transviadas e influencers na flor dos 18 anos bombando nas redes sociais. Ou talvez a gente esteja mais preocupados com a nossa felicidade do que com a mensagem que passamos pra sociedade. Geração carpe diem. Será?
Isso não é um manifesto contra “a nova adolescência”
Não estou falando isso como mais um manifesto contra os millenials. Deus me livre, amo ser da turma que prioriza qualidade de vida, que busca propósito em tudo o que faz e que não tem medo de questionar as regras da sociedade. Somos meio adolescentes sim, mas tipo aqueles adolescentes descolados que se envolviam no jornalzinho do colégio, faziam trabalho voluntário e não tinham medo de expressar seu estilo e personalidade.
Tenho orgulho de todas as regras que precisei desconstruir pra viver uma vida em que minha felicidade vem antes da minha necessidade de provar algo pra alguém. Não pense que é fácil se permitir assim! Mas é aquela coisa (que já canseeeei de falar aqui): precisa ter um equilíbrio. Fazer o que a gente gosta é maravilhoso, mas a gente também precisa se cobrar além das cobranças de trabalho. Também precisa estudar, evoluir, investir, cuidar do futuro. O carpe diem não dura pra sempre.
Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás. A famosa frase do Che faz sentido em tantos contextos diferentes! No meu, é isso: assumir as responsabilidades da vida adulta sem perder a espontaneidade e rebeldia dessa nova adolescência.
E você, também acha que já foi mais adulto do que é hoje?